Direito ou Condescendência
Dia Internacional da Mulher
O dia da mulher é todos os dias.
Existem 365 dias num ano, mas somos as felizardas criaturas, ofertadas com um dia especial num deles. Que soberba!
Somos consideradas o sexo fraco, mas somos nós que parimos, senão já estariamos em vias de extinção, fomos em tempos consideradas inferiores, indignas, bruxas, espíritos rebeldes, incorrigíveis e inconsequentes.
Não me interpretem mal, dou muito valor às mulheres sufragistas que lutaram pelos nossos direitos, as mulheres que deram o corpo e a cabeça à luta sem nunca baixarem os braços.
Valorizo cada pedaço do seu esforço, sangue, suor e lágrimas… E acreditem foram muitas as mulheres que lutaram para deixarem um legado mais leve às gerações seguintes.
Mas como quem não quer a coisa, tomem lá mulherada atrevida, um dia do ano, para vos calar, fazendo a vontade a Clara Zetkin e pararem de fazer frente ao sistema.
O dia da mulher é para ser celebrado em silêncio, com respeito por todo o despeito que sofremos lá atrás, em veneração pelas mulheres que protestaram pelos nossos direitos e igualdade.
Não quero com isto difamar os homens, pelo contrário, para se dignificar uma mulher não precisamos de denegrir um Homem.
Tal como nós, eles também carregam os seus fardos geracionais e tradicionais, ficando presos nos seus papéis, enfrentando igualmente as suas batalhas, estigmas e a meu ver até com mais pressão, já que foram duramente ensinados a reprimir os seus sentimentos e emoções quando crianças – “ Um Homem não Chora”.
Já chega de pensamentos castradores baseados na idade da pedra, basta deste comportamento que tanto paralisa a hipótese de evolução. De nada serve culpabilizar pelos nossos problemas, a sociedade, os homens ou nós mesmas, em vez de nos curarmos só nos mantemos débeis.
E todo este tema foi debatido, há precisamente um ano atrás, em conversa com, não só uma grande amiga minha como também das Mulheres mais geniais e filosóficas que pude ter o privilégio de encontrar no meu caminho “ Soraia Ligeiro”. Esta mulher mudou a minha perspectiva em relação ao dia da mulher. Tive um ano, portanto para deixar em banho maria esta ideia.
Sem dúvida que termos um dia da mulher é uma condescendência, principalmente quando fomos programadas para servir o outro…Marido, filhos, família.
Sabias inclusive que antigamente quando existia por exemplo duas ou três filhas raparigas, a mais nova ficava destinada a não poder casar e formar família porque era seu dever ficar a cuidar dos pais na velhice?
Sabias que, até há 73 anos atrás, mais especificamente em 1950 existia o manual da disciplina de economia moderna, que ensinava como uma boa esposa, deveria tratar da organização da casa, filhos de forma a poder receber o marido e dar-lhe toda a sua atenção e servindo-o da melhor maneira possível? Pois é, era isto que era esperado de nós.
Claro está que não tem propriamente mal algum, somente pelo facto das mulheres outrora viverem para se sacrificarem e anularem, tudo em nome do amor. Mas não era amor, era puro egoísmo!
E mesmo hoje, muitas continuam a anular-se, a sacrificar-se, porque não se acham suficientemente boas.
E como diz um homem que admiro imenso na escrita “quem se anula para ser amado, não se descobre para ser libertado” – Bruno Fernandes.
E agora digo-te eu com todas as letras – Nada nem ninguém nasceu para ser escravo, Tudo nasceu para se libertar, pois só em liberdade evoluímos verdadeiramente.
Por isso lamento imenso não festejar o dia da mulher, antes um minuto de verdadeiro apreço e silêncio em honra das grandes mulheres que tanto lutaram, para que hoje estivéssemos aqui mais leves.
Não somos somente Mulheres, somos sim, o Ser Polivalente, que tudo pode, tudo move, tudo consegue…
“Somos as mães da humanidade” – Maria Clara Marques – Somos o Ser multifacetado, que lapidamos consoante a necessidade da vida, quais diamantes em bruto, à medida que o tempo passa e nos reinventamos.
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